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sexta-feira, 23 de maio de 2014

ARRAIAL DO CABO - Uma beleza esquecida

Depois de tantas tentativas, finalmente consegui ir a Arraial do Cabo, cidade da Região dos Lagos no Rio de Janeiro. Apesar de não ser muito fã de praias, as fotos de divulgação e os passeios de escuna encheram meus olhos. Infelizmente, tanta empolgação não foi tão bem recompensada.
Saímos às 6h de casa e levamos quase 3:30h para chegar, pois errei o caminho. Como não costumo ir tanto para aquela região, tive problemas com a falta de sinalização antes de chegar à Via Lagos. Tive que voltar um bom trecho, que me fez perder uns 30 minutos de estrada. A primeira parada sempre é o Centro de Visitantes das cidades e eles têm um mapa da cidade que ajuda bastante a se localizar por lá. A cidade é pequena e dependendo de onde esteja hospedado o carro pode ficar estacionado e se faz trajetos até algumas praias, mercados e centro de compras a pé.
Ficamos hospedados em um albergue recém-inaugurado, Hostel Estrela do Oriente. Percebe-se claramente que eles ainda precisam ajeitar algumas coisinhas, mas a cada pedido que fizemos, fomos atendidos prontamente. A simpatia do Flávio, da Érica e do pai do Flávio é impagável. Eles nos deram todas as dicas que precisávamos para conhecermos a cidade e ainda me rendeu uma visão mais clara dos problemas de administração que a cidade de Arraial está passando. Como sempre a corrupção e a falta de instrução do povo estão levando essa bela cidade para o buraco. Mas primeiro vamos falar dos atrativos que Arraial pode oferecer.
A cidade tem pelo menos 8 praias, descritas com minha opinião sobre as que conseguimos visitar.
 
- Prainha
Primeira praia que paramos, logo na entrada do perímetro urbano. Água clara e calma, mas com areia cheia de conchas.  Há quiosques – que parecem que serão destruídos em breve – que cobram para se utilizar suas cadeiras. Triste ver que praias estão se tornando propriedade particular no grito no Rio de Janeiro. Mas pior foi ver a  falta de lixeira tanto nos quiosques, quanto na praia inteira, e a quantidade de lixo descartado sem a mínima preocupação na areia.
 
- Praia do Forno
                Acessível apenas de barco ou por uma trilha íngreme de uns 15 minutos. É preciso ter bastante cuidado, pois geralmente se faz o trajeto de chinelo, o que não é muito aconselhado para a geografia do local. Vale a pena, pois a vista do alto é linda. O triste foi ver lixo no caminho. A água é maravilhosa para banho e a areia fofa e clara. Há diversos quiosques na enseada. Ficamos no primeiro, mas não gostei muito. Tentarei outro na próxima vez. De acordo com o site da prefeitura, há restaurantes flutuantes especializados em ostras e mariscos. Não vi nada disso.
 
- Praia dos Anjos
                É o porto da cidade. De lá saem todos os barcos de pesca e escunas. Não posso escrever sobre ela, pois não cheguei nem perto por diversos motivos, mas é uma das mais recomendadas pelos moradores de Arraial.
 
- Praia Grande
                Oceânica, gelada demais e com muito vento. É linda de se ver, mas péssima para se ficar. Como a areia é muito fina, o vento faz com que ela vire agulhas no seu corpo e a água gelada faz com que águas-vivas imensas cheguem à praia, o que torna o banho impossível. Ninguém quer sair dali queimado. Além disso, há vários cães “perdidos com donos” por lá. O conjunto de mesa e cadeiras é R$20 a diária. Não consegui ficar nem 20 minutos. Há uma subida que dá para as costas do Pontal do Atalaia, que possibilita ótimas fotos. Não vá desacompanhado, nem à noite.
Essa praia fica em uma das áreas mais elitizadas de Arraial, com quiosques novos e onde geralmente se tem shows. Não experimentei nada daqueles quiosques (pretendo fazê-lo), mas fomos na sorveteria de frente à praia e ficamos doidos com os sabores. Excelente!
 
- Praia do Farol
                Faz parte da Ilha do Farol a 40 minutos de barco do litoral de Arraial; ou seja, só com embarcações que tem autorização da Marinha. Acredito que todos os passeios de escuna passam por lá (escunas essas recentemente legalizadas), mas há “taxis” que te levam. Acredito que o valor seja R$10 cada trecho. Infelizmente não fomos, pois a Marinha proibiu os passeios de escuna quando o nosso estava agendado, devido aos fortes ventos. Ficou para a próxima vez também.
 
-Praia Brava
Bem que tentamos chegar nela, mas seu acesso apenas pelo Pontal do Atalaia não foi possível. Depois de um certo ponto , tínhamos que fazer o trecho a pé e já estava escurecendo, pois fomos ao Pontal por outro motivo. De qualquer forma, fica a dica para surfistas de plantão. É preciso ter disposição para andar até ela e é capaz de ser possível apenas com 4x4 ou com motoristas muito bons.
 
-Prainhas do Pontal
                Ainda dentro do Pontal do Atalaia, tentamos chegar até lá, mas a estrada é péssima. Tem que disposição para dirigir. Tanto para a Praia Brava, quanto para as Prainhas, há barcos que levam os banhistas. Sempre saindo da Praia dos Anjos.
                Se quiser ver um pôr-do-sol perfeito, chegue cedo, tipo 17h, ao Pontal do Atalaia. Não importa a época, o local se enche de carros e fica bem difícil estacionar se chegar tarde. Afirmo que vale a pena aguardar cada minuto.
- Praia do Pontal
                Pode ser considerada a primeira praia de Arraial, pois fica logo após o portal da cidade. É extensão de praias de Cabo Frio. Está em área de preservação ambiental, por sua vasta vegetação, mas é muito maltratada por banhistas que vão até lá para pescas e churrascos. A falta de controle por parte dos agentes ambientalistas que ficam na praia apenas para cobrar pelo estacionamento também ajuda a degradar o belo local.
 
Gastronomia:
                A Gastronomia de Arraial está se revelando agora, como fomos informados por moradores. Estes afirmam que bons restaurantes foram abertos há menos de um ano. A cidade tem lanchonetes, lojas de sorvetes e açaí espalhadas por todo o lado. Mas os melhores restaurantes estão a caminho da Praia dos Anjos: o Garrafa de Nansen  e o Saint Tropez. Em buscas pelas web, no Tripadvisor, para ser mais específica, encontrei algumas boas referências dadas pelos viajantes. Pretendo e guiar por esses comentário na próxima viagem e espero ser surpreendida.
 
Vamos aos problemas que a cidade apresenta.
Conforme mencionei anteriormente, as praias não são bem cuidadas e há lixo para todos os lados – e olha que não fomos em alta temporada. Ao conversar com os donos do albergue, entendemos o principal motivo: a nova gestão da cidade não se preocupa a mínima em transformar aquele paraíso ambiental em referência turística. De acordo com moradores, turistas de outros países são informados que Arraial do Cabo é Búzios – momento vivenciado por um morador.
O prefeito de lá  é nascido e criado na cidade e, por ser conhecido por todos, conseguiu se eleger. Ser morador e conhecedor dos problemas da cidade deveria contar para sua gestão, se não fosse um homem como todos os outros de Arraial, que apenas desejam “mamar na teta do governo”. Tudo naquela cidade gira em torna da política, a ponto de encontros de grupos associados a partidos políticos serem piores que encontros de facções criminosas ou torcidas organizadas. A própria população não se interessa em ter uma boa educação e não luta por isso. O plano de vida em Arraial é ser partidário e conseguir um cargo básico ligado à gestão; ou seja, os moradores não estão preocupados de como solucionar os muitos problemas que a cidade apresenta, mas ter condições de se filiar a algum político e vender a alma ao cão para isso.
 
Triste saber que uma cidade com tantos atrativos naturais e de um charme e potencial que poderia ser explorado de modo consciente está à beira do colapso por causa da ganância de uns e ignorância de muitos.
Contudo, há esperanças. Ao que parece uma vertente de turismo governamental está se preparando para tomar as rédeas do turismo na região e tentar alavancar o nome de Arraial do Cabo nos próximos (pasmem!) 10 anos. Enfim...
Esperamos que mudanças ocorram o mais rápido possível para que esse paraíso deixe de ser confundido com Armação de Búzios e tenha seu nome realmente marcado nos corações dos visitantes.
 

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