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terça-feira, 31 de agosto de 2010

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DE KEIKO

Em 1999, aos 16 anos, de tanto insistir, ganhei um cão da raça pincher de minha mãe. Devido a minha ansiedade e insistência, procuramos o futuro membro da família no jornal. Pronto! O cãozinho foi encomendado. Lembro-me até hoje das palavras ditas pela minha mãe:

─ Não… quero um macho. Nada de ter casa suja com fêmeas.
─ (…)
─ Isso mesmo. Mas eu quero tamanho número 1. Bem pequeno. Quanto é?
─ (…)
─ Esse cachorro tem que valer muito a pena. E deixe eu te perguntar outra coisa, tem como você entregar hoje. Quero que minha filha cale a boca. Ela está me enchendo o saco porque quer um cachorro. Queria pegar um poodle da vizinha, mas como eu sei que eu vou ter que dá banho, ela vai ter que engolir o pinscher mesmo. Não quero ter trabalho.
─ (…)
─ Tudo bem. Que horas chega aqui?
─ (...)
─ Tem que pagar para entregar também?
─ (…)
─ Ta!
─ (…)
─ Obrigada.

Após explicar como chegava até nossa casa, minha mãe desligou.
─ Cento e trinta reais. Vou usar o dinheiro do bolo da Sthefanny, que sua tia deixou comigo. Depois me viro para pagar o bolo da garota.
Sthefanny completou 1 ano no sábado seguinte. Ela é a mais nova dos 23 netos que meus avós maternos tiveram. Por que estou falando dela? Bem, ela ainda aparecerá muito por aqui.
O pequeno, de apenas 3 meses, chegou num dia de domingo, no mês de março. Belo dia, tenho que dizer! Na hora prevista pelo dono do canil, eu já estava o portão junto a minha mãe. Quando vi um mouro se aproximando com uma caixa de transporte de animais, já sabia que era para mim. Animada, enquanto o entregador falava com a minha mãe e recebi o pagamento, eu olhava pelas grades da caixa.
─ Ai, mãe, ele está tão quietinho… dormindo.
Eu mesma tirei o menino de dentro da caixa.
─ Já escolheu o nome? ─ minha mãe perguntou.
─ Muita gente está colocando o nome de Kiko. ─ disse o entregador.
─ Mas o nome dele será Keiko. ─ eu respondi. ─ Como a baleia do filme Free Willy.
Keiko era o nome real da baleia que fez o papel de Willy no filme que emocionou a muitos. Meu novo cão era como ela, imenso… ironias à parte.

Depois de mais algumas palavras ditas, entrei na minha casa e soltei o pequeno Keiko no chão. Aquele, que parecia um cão calmo, começou a correr desesperadamente pela casa e eu entrei em pânico. O cachorro não parava. Quando eu finalmente consegui pegá-lo, minha mãe entrou.
─ Esse cachorro é maluco! ─ eu disse.
─ Mas me custou caro e você vai ficar com ele assim mesmo.
E assim foi!
Keiko viajava conosco ou ia a passeios também. Todos os meus vizinhos o conheciam. Visto que moramos apenas eu e minha mãe, Keiko passou a ser o homem da casa; e, ACREDITEM, ele realmente se sentia assim. Ele dormia conosco, comia conosco, passeava conosco, viajava conosco. Até se meter no meio de meus namoros, ele se metia… juntamente a Sthefanny. Fernando que o diga!

A primeira viagem de Keiko foi a Petrópolis. A viagem dele não foi lá muito boa. Quando estávamos subindo a serra, eu sempre esticava o braço por trás para fazer carinho no meu menino, que estava deitado ali. Senti algo estranho no chão do carro atrás do banco do carona. Keiko tinha vomitado e seu semblante não parecia animador. Minha Mãe reclamou todas. Tivemos que parar o carro e limpar a bagunça. Os pelos do meu totó estavam sem brilho e ele desanimado, devido aos enjôos. Coloquei-o sobre meu ombro, onde já estava acostumado a ficar. Ali, ele permaneceu até chegarmos à casa de Daicy, nossa amiga. Ele não mexia um músculo e eu não mexia o braço para acordá-lo. Nem preciso dizer que quando chegamos ao destino, meu braço estava dormente. Para nossa surpresa, a família de Daicy também estava com um cão: o micro poodle Toddy. Keiko e ele se estranharam a princípio, mas se deram muito bem pelo resto do fim de semana.

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