Páginas

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

CAPÍTULO I - parte 2

A primeira viagem de Keiko foi a Petrópolis. A viagem dele não foi lá muito boa. Quando estávamos subindo a serra, eu sempre esticava o braço por trás para fazer carinho no meu menino, que estava deitado ali. Senti algo estranho no chão do carro atrás do banco do carona. Keiko tinha vomitado e seu semblante não parecia animador. Minha Mãe reclamou todas. Tivemos que parar o carro e limpar a bagunça. Os pelos do meu totó estavam sem brilho e ele desanimado, devido aos enjôos. Coloquei-o sobre meu ombro, onde já estava acostumado a ficar. Ali, ele permaneceu até chegarmos à casa de Daicy, nossa amiga. Ele não mexia um músculo e eu não mexia o braço para acordá-lo. Nem preciso dizer que quando chegamos ao destino, meu braço estava dormente. Para nossa surpresa, a família de Daicy também estava com um cão: o micro poodle Toddy. Keiko e ele se estranharam a princípio, mas se deram muito bem pelo resto do fim de semana.
Keiko ainda teve outras viagens marcantes em sua vida, como para Itaipava – ES, onde se divertiu muito brincando na areia, mas nos deixou claro que não gostava de mar; Pirapitinga – interior do RJ, onde se perdeu pelo mato, quando quis seguir os outros que foram caçar tatu. Minha mãe e eu pegamos o carro e fomos pela fazenda, gritando o seu nome. Logo ele apareceu. Como sempre, o meu menino fez amizade com outro pincher que havia no sítio no qual estávamos hospedados, o Mickey… já falecido.
Além de viajados, Keiko era um cão muito artista. Por não gostar de escondermos o rosto dele, numa dessas brincadeiras, minha mãe (TINHA QUE SER) ensinou o nosso bebê a cantar. Ela imitava uivos e ele acompanhava. Sempre que alguém dizia “vamos cantar, Keikito!” e o pegava no colo, a cantoria se dava. Além disso, era boêmio. Depois de um tempo, ele passou a se aventurar pelas grades do portão de casa (nas quais, mais tarde, foram colocadas telas). Quando nos dávamos conta que ele tinha fugido, lá íamos a sua procura. A parte interessante é que ele SEMPRE voltava. Cada dia, ele ia mais longe, mas sempre voltava; chamado ou não. Ele ficou conhecido pela vizinhança, pois estava sempre com uma medalha e, quando estava frio, de casaco.
Houve uma vez, quando eu namorava o Marcos, que minha mãe me acordou dizendo que Keiko tinha sumido. Acordei louca e pronta para procurar. Marcos também tinha acabado de chegar. Lá fomos nós dois procurar pelo meu cachorro. Andei uns 4 quarteirões, perguntando por ele e nada. Voltamos para casa e eu já estava chorando. Minha mãe disse:
─ Relaxa, ele estava na casa do Alexandre, comendo churrasco.
Alexandre é meu vizinho e mora exatamente em frente a minha casa.
Essas saídas e “fugidas” do nosso homem da casa começaram em seu segundo ano de vida. Eram divertidas, mas algumas vezes preocupantes. Dentro de casa, por um descuido, Keiko comeu comida com chumbinho que minha mãe colocou debaixo da pia. Não preciso narrar o desespero, certo? Bem, eram 8 horas da manhã de domingo. Chamamos uma querida vizinha que é enfermeira. Motivo? Minha mãe tinha acabado de fazer uma cirurgia plástica abdominal e estava costurada de fora a fora; mal conseguia ficar ereta. Com a ajuda dela, demos leite puro e ele vomitou parte do chumbinho. Contudo, ele ainda estava com reações. Acordamos meu tio Paulo, pai da Sthefanny, para levá-lo em um veterinário que atende 24 horas, em Nilópolis.
No caminho, Keiko estava agitado e andava desesperadamente pelo carro e eu falando com ele, aos prantos:
─ Faz “auu” pra mamãe, bebê, faz?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...