Certo dia, vi uma pit bull parecida com ela deitada todo encolhida e com ataduras no abdômen. Comentei na foto para ter certeza que era a mesma. Confirmado. She-ra tinha acabado de ser castrada e estava disponível para adoção ainda. Dona Fátima me encaminhou para falar com a Karla, a veterinária que estava à frente do caso dessa pit. Karlinha e eu trocamos diversas mensagens. Ela perguntou se eu conhecia a raça; se eu tinha medo; se a cadela ia ficar presa; se eu tinha espaço; se eu tinha outros animais; por que eu queria essa raça, etc. Marcamos para aquela semana mesmo de eu ir vê-la na clínica que estava em Jacarepaguá. Comentei com minha prima Alessandra que eu estava para ver um cachorrinho e pedi para ir comigo ao trabalho. Enquanto ela passeava pelo Downtown, eu trabalhava. De lá, corri para Jacarepaguá.
Foi um pouco complicado, mas achei a rua e assim que cheguei perto do portão, She-ra se levantou. Ela estava presa na corrente e achava que ia passear. Entramos sem medo na clínica e a pit bull já veio fazer festa. Sempre muito doce, ela deitou ao meu lado, quando eu sentei no chão. Conversei mais um pouco com a Karla e tirei minhas dúvidas sobre a raça.
─ OK! Ela vai comigo. Se não der certo, eu posso te ligar né?
─ Você sempre vai poder devolvê-la. Só não a jogue de novo na rua. ─ disse Karla.
─ Nunca faria isso. ─ assegurei.
─ Emily, você vai levar a cachorro assim mesmo? ─ perguntou minha prima.
─ Já está no carro, Alê
─ Sua mãe vai te matar.
─ Olha só… ela está com o vovô hoje. Se ela não voltar, melhor ainda.
─ Você é maluca. Ela não quer mais bicho. Ainda mais desse tamanho.
─ Calma… dá-se um jeito.
─ Se ela não quiser Milly, só trazê-la de volta. ─ disse Karlinha, preocupada.
─ Karla, quem gosta de animal não dispensa. Onde eu assino? ─ perguntei eu.
Karla me mostrou o termo de adoção e o hemograma da She-ra
─ Vai manter o nome? ─ perguntou a protetora
─ Claro que não… cachorro meu não tem nome de cachorro de circo. O nome dela será Lisboa.
Termo assinado, Lisboa suja de feder e eu preocupada com o meu carro, voltamos para casa. Minha prima já estava nervosa pela reação de minha mãe. Eu também, mas tentava não demonstrar muito. No meio do caminho…
─ Ela não tem cara de Lisboa. ─ eu disse.
─ Também acho. ─ respondeu minha prima.
─ Cara, que nome eu coloco nela?
─ Coloca Sayuri.
─ Tudo bem que ela combina com nomes com S, mas se eu mandá-la sair não vai dar certo. Imagina: “Sai”… ela vai achar q eu estou chamando.
─ É… pensando assim…
─ Caraca… que dificuldade!
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