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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

CAPÍTULO VII

TAL AVÓ, TAL NETA.


Apesar de toda implicância no começo, minha mãe logo se rendeu aos charmosos andar e olhar de Sofia. Desde o começo do Blog, deixei claro da educação que minha pit buldona tinha. Infelizmente esse comportamento teve algumas modificações em consequência da rápida empatia entre Sofia e minha mãe.

Lembro-me que Sofia não pedia comida, nem ficava nos olhando. Sempre que estávamos comendo, ela chegava perto, sim, mas se deitava e disfarçava o olhar. Além disso, Sofia não era de comer tudo o que oferecíamos. Ela não era muito de frutas ou legumes. Pão também não era seu petisco favorito. Acredito que isso também era devido a minha preocupação em sempre ter petiscos caninos em casa. Biscoitos, bifinhos, nuggets nunca faltaram para ela. Até chocolate canino ela ganhou na Páscoa desse ano.
Entretanto, ao longo de um ano, as medidas de Sofia e seus hábitos alimentares foram mudando em virtude do tempo que ela passa com minha mãe. Como dona Eunice não sabe ficar muito tempo sem mastigar, Sofia entrou na onda. Apesar de todas as minhas reclamações quando testemunhava tais situações, minha mãe alegava que Sofia é minha grande e o focinho dela fica mais perto do que o focinho do falecido Keiko. Eu sei! Tal explicação é uma bela "BS", mas fazer o quê?
Há quase dois meses, eu cheguei em casa faminta e fiz um pequeno prato para jantar. No momento não me recordo o que era, mas enfim… Sentei-me na sala com minha mãe e Sofia sentou-se na minha frente. Ela não tirava os olhos de mim e eu disse:
─ Nem adianta que você sabe muito bem que eu não te dou comida assim.
─ Essa cachorra tá comendo muito. Ela ela comeu pão, biscoito, carne; tudo comigo.
─ Ela tá ficando igualzinha a senhora, né?
Além dessas atrocidades, certo dia, Sofia descobriu como era chupar cana-de-açúcar. Minha mãe e minha tia Mirinha estavam descascando a cana-de-açúcar, quando Sofia achou que fosse brinquedo. Na sua impolgação e no desespero de pegar o pedaço que estava na mão de minha mãe, esta o deu para que a cadela percebesse que não se tratava do brinquedo. Resultado? Sofia se juntou a minha mãe e tia e as três se encheram de cana. O incrível foi que Sofia também jogava o bagaço fora quando o doce acabava.
Acredito que todos se lembrem de que ainda há mais dois cachorros naquele quintal. Vocês acham que eles são mimados assim? Claro que não. Sempre que sobra carne, fígado ou qualquer coisa dessa espécie, é Sofia quem ganha. Mas esse longo ano não fez com que Sofia comesse qualquer coisa que lhe dessem. NÃO! Durante todos os nossos cafés de manhã na casa de tia Mirinha, Soso nunca comeu um pedaço de pão… que não estivesse com manteiga. Se ela não sentir um sabor diferente, ela põe o pedaço para fora INTACTO.
Semana passada, devido às gracinhas grastronômicas, Sofia passou mal e procurou por capim no quintal, mas não achou. Apesar de todas as plantas que temos lá, Sofia cheirou, cheirou, mas nada mordeu. Antenada com a inquietação da menina, minha mãe foi na rua buscar capim. Sim! Sofia comeu o capim que estava na mão de vovó, que plantou o capim em um dos vasos de planta. Só para garantir no futuro. Eu ainda tive que ouvir:
─ Mãe tem que saber as necessidades dos filhos. ─ comentou ela.
 
Eu achei tanta graça que nem respondi.

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