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terça-feira, 20 de setembro de 2011

A CIDADE HISTÓRICA DE BANANAL- SP

   Quando meu namorado me convidou para ir com ele e seu grupo de estudantes de Turismo a uma pequena cidade em São Paulo, não imaginei que esse passeio fosse me despertar tanta admiração pela época colonial do Brasil e tanta indignação pelo abandono que lugares como esses sofrem por parte do governo. O roteiro do dia nos proporcionava 3 paradas: Fazenda Resgatinho, onde aprendemos sobre a produção da cachaça artesanal; o centro histórico de Bananal, onde testemunhamos restauração e abandono e a fazenda dos Coqueiros, onde passamos o restante da tarde com ótimas histórias da tempo da Colônia.
    Para que você entenda esse texto, é preciso que saber o que Bananal representou para o Brasil. A cidade foi a menina de ouro do país quando o café era a principal fonte econômica, ao lado do tráfico negreiro. A cidade, que faz divisa com o estado do Rio de Janeiro, possiu grandes fazendas da época da colônia e que foram usadas várias vezes em produções históricas da TV Globo. Com pouco mais de 9 mil habitantes, hoje a cidade tenta se manter seu teor histórico com a ajuda principal de seu povo, visto que o governo brasileiro não consegue entender a importância que a história do país pode ter para o turismo como um todo. A cidade foi fundada em 1832 no chamado Vale do Café ou Vale do Paraíba e sofreu fortemente com o declínio do café, tornado-se quase um local fantasma. Mas nos anos 70 do século passado, Bananal começou a se reerguer e hoje é turismo obrigatório para aqueles que querem conhecer a fundo a nossa história e também se deliciar com típicas comidas da época colonial.
    A primeira parada foi na Fazenda Resgatinho, onde vimos todo o processo de produção de derivados da cana-de-açúcar, principalmente a cachaça artesanal. Particularmente, eu não bebo cachaça como os sábios apreciadores desse destilado, mas adoro prová-lo. Então, conhecer o cuidado que se tem para a produção de uma bebida brasileiríssima foi ótimo. Da mesma forma que foi saber como se faz a rapadura e o açúcar mascavo. Não ficamos muito tempo nessa fazenda, mas fomos muito bem recebidos pelo próprio dono que nos proporcionou uma simpática explicação sobre a fazenda. Lá mesmo são vendidos seus produtos, como licores, caldo de cana, rapadura, farinha, açúcar mascavo e, claro, cachaça.
    Em seguida, seguimos para o centro histórico de Bananal, por onde passeamos e conhecemos monumentos históricos. Foi nessa ocasião que fiquei chocada com o descaso do governo em relaçao ao patrimônio brasileiro. A cidade era conhecia como o local onde se encontrava a farmácia mais antiga do país, a qual recebeu um prêmio da Fundação Roberto Marinho. Infelizmente, os herdeiros da farmácia não quiseram ter o trabalho de mantê-la aberta e, apesar de tanta luta, não foi possível conseguir qualquer apoio de instituições públicas ou privadas. O mesmo acontece com o palácio (>>>), na praça principal da cidade. O prédio já foi residência de luxo de seu primeiro dono, serviu de escola púbica e depois foi sede do governo da cidade. Após ser desativado, o local ficou a mercer de saqueadores, que simplesmente depenaram essa rica arquitetura. Há anos houve certo apoio do governo, que tentou restaurar pelo menos o teto do local. Porém, infelizmente o serviço foi mal feito (imagino o porquê) e o moradores da cidade foram obrigados a usar estacas para sustentar o "novo" teto. Agora toda a restauração do maravilhoso prédio depende dos moradores da cidade, que recebem um carnê e ajudam como podem, tal como visitantes que muitas vezes abrem a carteira para ajudar. Fora isso, é uma luta constante para preservar um local tão rico arquiteticamente. Ainda passeando pelo centro, conhecemos a igreja e outras históricas da cidade. Infelizmente o nosso tempo já era curto e não pude aproveitar a sorveteria que clamava meu nome.
    Dali, partimos para a fazenda dos Coqueiros, onde foram filmadas muitas cenas da nova versão de Sinhá Moça. Lá almoçamos e (putz!) que comida boa! Experimentei o suco de capim limão e logo tentei consegui a receita. O meu maior pecado foi o momento das sobremesas. Todos os tipos de compotas, doce de leite e palha italiana. Oxê... me fiz!! Depois do momento de lombeira, tivemos que nos reunir para iniciar a visita da casa grande. A visita é guiada e muito bem explicada. Cada pedaço da casa foi mostrado com atenção e há muitos objetivos da época. Definitivamente é uma bela viagem ao passado. Além disso, tivemos a sorte de ouvir as histórias e experiências da proprietária do local. Tais momentos nos fez refletir sobre a maldade e intolerância humana. De qualquer forma, o passeio foi único; muito cansativo, mas muito proveitoso.
    Ainda há muito mais para visitar em Bananal e pretendo voltar para conhecer as outras fazendas do local e curtir um pouco mais o centro histórico. Aqueles que quiserem se aventurar por lá, terão a chance de conhecer o Brasil quase extinto da memória. Aproveitem enquanto há chances de resgatar a história de um  povo sofrido e vitorioso.

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