Keiko tinha 8 anos e naquele mesmo ano, 2006, eu me preparei para fazer um intercâmbio em Nova Iorque. O meu tempo de afastamento seria de um ano, mas estendi por mais um. Eram apenas Keiko e minha mãe em casa.
No final de meu primeiro ano fora do país, minha mãe me deu a triste notícia: Keiko estava com câncer na garganta. Lembro como eu chorei depois que desliguei o telefone. Foram idas e vindas a veterinários, a universidades, gastos e mais gastos com remédios. Cada vez que minha mãe narrava as aventuras de Keiko, eram sorrisos e choros. Mesmo debilitado com o tratamento, ele ainda aprontava e impressionava a todos.
Voltei em dezembro de 2008. Decidi fazer surpresa a todos e soluçava quando vi meu pequeno cão tão magrinho e sem brilho nos pêlos; porém, ele nunca se abalou. Ele mantinha os mesmo hábitos e o mesmo carinho. Sua boca exalava um odor muito forte e desagradável e ele não podia mais comer ração. Minha mãe fazia uma papinha bem rala com a ração dele, pois era a única coisa que ele conseguia comer. Mesmo assim, quando sentia dor, parava. Dois meses depois, minha mãe e eu conversamos e optamos pela eutanásia. Minha mãe chorou muito naquela noite e eu também. No fim de semana após a nossa decisão, eu levei Keiko no veterinário para o procedimento. Parecia que ele sabia do que se tratava, pois se escondia como podia, mas eu consegui pegá-lo. No meio da tarde, pedi minha tia para dirigir meu carro, enquanto eu levava Keikito no colo. Fui chorando no meio do caminho. Quando chegamos, fomos logo atendidas. Coloquei Keiko na mesa do veterinário e fui carinho.
─ Quer ficar e assistir ao procedimento? ─ perguntou Dr. Wagner.─ Você “tá” doido? ─ retruquei eu, soluçando de tanto chorar. ─ Claro que eu não quero ver meu bichinho morrer.
Sai do consultório arrasada e corri para carro. Ao chegar em casa, fui direto à casa da minha tia, onde sempre tomamos café e o Keiko sempre estava conosco. Minha mãe já estava com os olhos inchados. Sentei-me ao lado da minha tia.
─ Deixou ele lá? ¬─ perguntou minha mãe. ─ Claro. Ele ainda perguntou se eu queria assistir. Maluco!
Um silêncio tomou conta da sala. Quando virei o rosto, vi minha mãe e mina tia chorando… eu junto. Agora, tinha que dar a notícia às outras pessoas. Muitos choraram, principalmente, meus tios e primos. De qualquer forma, tivemos apoio de todos aqueles que o conheciam. Durante um bom tempo ainda o ouvíamos arranhando a porta para entrar ou latindo. Keiko faleceu aos 10 anos de idade e apesar de todos os seus problemas, ele era um cão feliz; porém, estava na sua hora. Ele estava sofrendo muito e emagrecia a cada dia. Minha mãe dizia firmemente que não queria mais saber de cachorro; que é sempre assim: nos apegamos e eles se vão. Eu sempre afirmei firmemente que não ia conseguir ficar sem outro bichinho. Assim, mesmo sabendo que podia ser expulsa de casa com cachorro e tudo, comecei a procurar, de leve, cães para adotar e essa busca foi bem exaustiva.
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