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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

CAPÍTULO I - parte 3

Lembro de como ele me olhava, com dor. Keiko ficou muito pálido. Felizmente, na clínica, ele foi tratado e teve que ficar internado. Eu voltei para casa para ajudar minha mãe. Mais tarde, nós voltamos à clínica. Minha mãe foi dirigindo o próprio carro. O banco do motorista estava quase deitado por completo, por causa de cirurgia. Quando chegamos lá, Keiko já estava bem e desesperado para sair da gaiola. Mimado como sempre, ele ganhou uma camisa do Brasil pela travessura.
Houve outra ocasião, na qual, depois de uma saída matutina, ele voltou com os mesmo sintomas do envenenamento que teve há alguns meses. Corri para o veterinário. Depois de um coquetel de medicamentos, descobri que ele teve uma intoxicação por causa da planta Comigo-ninguém-pode. Fernando e eu estávamos começando a sair e eu tive que cancelar o nosso encontro para ficar com o meu filhote no veterinário. Depois dessa, ele aprendeu a lição e nunca mais comeu o que via pela frente.

Com relação à alimentação dele… bem… Keiko comia de tudo. TUDO! Quando chegou a minha casa, ele veio com a certidão de nascimento e um guia de alimentação. Seguíamos aquele papel de forma aproveitável, mas depois de um tempo tivemos que mudar. Afinal, dar ovos cozidos a cães é prejudicial às narinas humanas. Ele sempre comeu ração, mas passou a seguir nossos hábitos, principalmente os da minha mãe. Ela sempre achou que muito do que comemos, nossos cães também comem. Keiko sempre tomava café da manhã e da tarde conosco na casa de minha tia Mirinha. Todos os dias, ele já sabia o caminho. Lá ganhava biscoitos e miolo de pães. Tentei dar biscoitos de cães para ele mesmo antes de ser mal-acostumado, mas ele realmente nunca quis.
Keiko era um exímio ladrão de comida. Pobre Sthefanny sofreu muito com os biscoitos roubados direto de sua mão quando Keiko conseguia alcançá-la. Eu mesma fui vítima dele. Um belo dia, cheguei muito estressada e com fome de Petrópolis. De lá mesmo, liguei para minha mãe e avisei que ia almoçar em casa e, assim que cheguei, a comida já estava pronta e me esperando. Sempre sendo vigiada pelo Keiko, liguei o computador e conversava com minha mãe sobre um assunto. Deixei o prato sobre a mesa do pc: arroz, feijão e um belo (e último) bife acebolado. Por um minuto ou menos, sai do quarto e fui atrás da minha mãe; quando retornei, Keiko já estava embaixo da minha mesa e meu prato quase limpo. O bife, que era quase do tamanho de meu menino, já tinha sumido. Eu e minha mãe entramos ao mesmo tempo no quarto e ficamos mudas diante do que vimos.
─ Corre… ─ disse minha mãe.
Keiko saiu em disparada à varanda e se escondeu em sua casinha. Claro que eu tive que esquentar uma lasanha congelada para comer.

Quando Keiko tinha 5 anos, ele apresentou uma complicação na boca: um pequeno tumor que se desenvolveu por causa de suas andanças pela vizinhança. De acordo com o veterinário dele, após a biopsia que fizemos, Keiko estava com uma espécie de doença que é transmitida por uma secreção de uma vagina canina.
─ Espere ai!! Você quer dizer que o meu cachorro tem uma DST?
─ É por ai… ─ respondeu o veterinário.
─ Esse tipo de coisa só acontece contigo. ─ disse eu ao Keiko.
A partir de então foram dezenas de exames e remédios e uma cirurgia para retirar o nódulo que estava na boca dele. Meu pincher estava bem novamente.

 

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