Um
dia de cão
Havia
tempos que eu não chegava em casa e tinha uma boa história da Sofia me
esperando. Assim que entrei em casa e brinquei com a Sofia. Vi que havia marcas
de tinta em sua cama. Minha mãe estava na sala também, sentada em seu novo sofá
(que irá trocar novamente pela terceira vez em 3 meses), e me relatou o fato do
dia.
─ O que houve na tua cama, meu amor?─ Sabe de quem é a culpa? Daquele lá de trás. ─ respondeu mamãe, apontando para o quintal.
Sinceramente
achei que se referia a meu primo Anderson, pois sempre que Sofia apronta uma
boa dessas, o dedo dele está na história.
─ O que houve, mãe?─ Eu fui tomar café na sua tia Mirinha e Sofia foi comigo. Ai, quando eu sai de lá, vi tinta escorrengo, uns bolotinho de cocô e pensei “Meu Deus, o que é isso?” Ai, o Johnny saiu correndo daqui de dentro. O problema é que a Sofia veio junto e estava fazendo xixi. Ela o viu, olhou e continuou concentrada no xixi. Eu, mais que depressa, corri e a pequei no colo. Um peso... já viu, né? Lá se foi coluna, ombro, braço. O Johnny a viu e queria pegá-la. Ai eu comecei a grita: Mirinha, Marta, o Johnny… Mirinha, Marta. E o Johnny pulando em mim para pegar as patas da Sofia, eu protegendo as patinhas delas, Sofia se rebatendo, querendo descer. Olha… te contar, não. Eu nem sabia que a Marta não estava em casa. Quem veio socorrer foi seu tio Ezedequias. Ele foi pegar o Johnny e o danado o mordeu.
─ Eu disse que esse cachorro é maluco.
─ Ai eu corri com a Sofia, joguei ela de qualquer
jeito aqui e fechei o portão. Ela queria sair. Eu disse: não vai sair; pode
ficar ai mesmo. Ai a bichinha entrou. Só que ficou na tinta e sujou a cama
dela.
Nisso
eu já estava chorando de rir da situação e de como minha mãe me mostrava a
cena. Corri até meu quarto e peguei a câmera para filmar a encenação da minha mãe,
que a repetiu com bom humor.
─ Agora a senhora acredita em mim quando eu digo que
não foi a Sofia que atacou o Johnny primeiro? Aquele cachorro é maluco.
─ Ele é muito estressado. Agora sabe porque ele
derrabou as tintas?
─ Fale.
─ Ele sentiu cheiro de rato. Que focinho aquele
cachorro tem. Os bolotinhos de cocô era de rato. Amanhã vou ter que colocar
chumbinho lá. Ele tanto fez, tanto fez, que tirou tudo do lugar e as latas de
tinta estavam no caminho.
─ Em compensação, Sofia de nada serve como caçadora.
Ela não se mete com a escória, né, meu amor? ─ disse eu apertando aquele focinho sardento.
─ Não. Só serve mesmo para fazer buraco.
─ Em benefício próprio. Não se esqueça.
─ Olha, ela ficou um bom tempo no meu colo e nem
tentou me morder. Mas o Johnny não deu mole para seu tio.
─ Sofia é uma lady e aquela coisa da Marta contou a
versão da história dela como se minha cadela fosse um monstro. Se o Johnny
tivesse simplesmente passado pela Sofia e entrado, ela nada faria.
─ Se aquele cachorro ficasse solto no quintal,
ninguém entraria qui.
─ A Sofia ajudaria a levar as coisas, né, banana?
─ Tadinha da bichinha. Nem terminou de fazer o xixi
dela.
Ok!
Depois disso, a vida seguiu seu rumo e eu fui até meu quarto ver um filme.
Estou montando um quebra-cabeças de 1000 peças, um mosaico de Marilyn Monroe. À
medida que acho as peças, vou colocando e deixo esse painel no chão. Mesmo
tendo uma cama no meu quarto, Sofia cismou com esse painel e sempre deita nele.
Nesta noite, não foi diferente, mas o que me fez rir foi a forma que ela estava
andando. Pareceria que tinha machucado a perna. Assim, fui atrás dela para ter
certeza de que estava tudo bem. Ao mexer sua patinha, vi que estava mole, mas
sem dor. CONCLUSÃO: Sua pata estava dormente.
Na
manhã seguinte, fui tomar café na minha tia como sempre faço. Lá minha mãe veio
com mais uma.
─ Essa cachorra apanhou essa noite.
─ Putz! que houve dessa vez?
─ Eu sempre acordo para ir ao banheiro e aproveito
para dar uma olhada nela. Pois essa noite ela estava toda esticada no sofá.
─ Shh! ─ tia
Mirinha disse.
─ Ahh! Peguei uma almofada e dei uma lambada dela.
Ela foi correndo para o seu quarto e de lá não saiu até hoje de manhã.
─ É, Sofia, seu dia não foi fácil mesmo, hein,
filha?!
─ Nem um pouco. ─ respondeu a carrasca da
minha mãe
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